A Economia Social enquanto missão de futuro

É quase outono, o tempo arrefece. Aqui, em contraciclo, aquece.

Alcanço, do alto do meu salto, tudo quanto a vista-ainda que às vezes desfocada- me permite contemplar. Na cidade mais alta, a linha do horizonte será mais longe, se assim se quiser. Às vezes é mesmo apenas uma questão de vontade.

O meu motor de busca direciona-se para o designado terceiro setor, o da Economia Social. Uma visão empírica, fruto da atenção, da vivência e do trabalho apenas. Tenho um particular interesse por causas sociais e creio, genuinamente, que o trabalho em prol de terceiros significa muito para os destinatários, mas enche a alma dos emissores. É uma missão.

A utilidade pública dos serviços desenvolvidos por privados, sem qualquer fito lucrativo (no sentido económico da palavra) torna-os ainda mais responsabilizáveis em face dos objetivos alcançados ou a alcançar. Trata-se, pois, de um setor essencial da vida em sociedade.

A autonomização e diferenciação deste setor, bem como a sua peculiaridade, permitiu que o mesmo fosse crescendo, sustentando a economia e o mercado, apoiando, servindo as pessoas, imiscuindo-se nas mais variadas vertentes, daí resultando sempre uma mais-valia para a vida em sociedade. Em algumas regiões do país, representa também um setor chave em termos de empregabilidade, representando não raras vezes o maior empregador da localidade.

O nível de especialização e de importância da Economia Social, a dimensão e representatividade na economia global é de tal modo visível e evidente que, usando como barómetro a qualificação dos seus dirigentes, por hipótese, se verifica que já não basta um curioso para dirigir os destinos destas organizações. Já é comum ouvir “palavrões” associados à gestão destas organizações, tais como empowerment ou modelos de governance. A gestão de topo tem, na grande maioria dos casos, funções executivas. A Economia Social tem ganho, ao longo do tempo, o seu espaço e tornou-se um setor de base das sociedades.

Num mundo cada vez mais solitário e acelerado, estas organizações que trabalham em prol das pessoas e de objetivos sociais assumem uma importância exponencial. Cerca de metade destas organizações têm uma existência superior a 20 anos (dados de 2018), conseguem adaptar-se rapidamente às necessidades das famílias, pese embora a complexidade do modelo. São dinâmicas, adaptáveis e trabalham com a rapidez necessária a servir de rede no trampolim.

Este setor esteve estagnado durante algum tempo, tempo demais, com modelos estáticos, fechados, quadrados, que não permitiam a adaptação necessária à resolução cabal dos problemas das famílias. Começamos a assistir a uma abertura, talvez um bocadinho a exemplo dos países nórdicos, a uma flexibilização dos modelos de resposta, a uma adaptação às alterações do quotidiano mais célere e eficaz.

Assegurada que está a base, inovemos, cresçamos, ajudemos, sigamos em frente, independentemente da força que nos move ou do calçado que nos sustenta!