Campanhas eleitorais em 2021

Estamos em setembro de 2021 e o cenário dos últimos tempos tem contado com mudanças constantes. Desde a pandemia COVID-19 à crescente polarização a nível político às alterações climáticas, têm sido inúmeros os desafios que temos enfrentado enquanto sociedade. Para estar à altura destes desafios e poder continuar a evoluir, cada vez mais são necessárias políticas que permitam a adaptação das cidades a todos os obstáculos que enfrentam.

Para iniciar este projeto, poderia falar de inúmeros desafios e dissertar sobre possíveis soluções para os mesmos, mas ao longo do próximo ano teremos muito tempo para isso.

Neste momento, estando nós a viver o período de campanha para as eleições autárquicas, optei por me focar neste ponto. A eleição dos líderes locais é um momento fulcral no delinear do percurso de uma cidade e um dos momentos-chave para a forma como a cidade irá evoluir durante 4 anos. O futuro da Guarda acaba então por ser, em grande parte, moldado pelo resultado das eleições deste setembro.

Não querendo estar a fazer deste texto uma análise às propostas de cada candidato, quis debruçar-me sobre a estratégia usada para conseguirem a aproximação aos eleitores. A Guarda é um município que acaba por incluir um espectro de população muito alargado. Assim, os candidatos têm de delinear estratégias que lhes permitam chegar aos eleitores mais isolados nas aldeias, mas também àqueles que vivem nos centros urbanos; aos eleitores mais idosos e também aos mais jovens; aos eleitores que acabaram de chegar à nossa cidade e àqueles que lá viveram toda a sua vida.

Torna-se, então, muito interessante perceber que a campanha presencial nas aldeias e nos bairros nunca é posta de parte e acaba por ser uma das grandes preferidas de todos os candidatos. Para além disso, a nível presencial, a apresentação pública das candidaturas em alguns dos locais mais emblemáticos da cidade torna-se também um método fundamental de aproximação à população urbana. Apesar de reconhecer a importância deste tipo de campanha, considerei muito pertinente a utilização explosiva que tem existido das redes sociais nestas eleições autárquicas da Guarda. Todos os candidatos têm usado várias plataformas para partilhar os mais diversos conteúdos: as ideias e propostas caso eleitos, os integrantes das listas, eventos da campanha e até fotos da própria campanha presencial.

Inicialmente, comecei por pensar que este modelo online de campanha fosse pensado como estratégia de aproximação aos jovens, mas rapidamente percebi que este modelo vai muito mais além. Apesar de os jovens serem provavelmente a faixa etária mais ativa nas redes sociais, a grande maioria das pessoas em Portugal já utiliza redes sociais. Em conversa com a minha avó, percebi que ela própria seguia a campanha de mais do que um dos candidatos pelas suas redes sociais. A campanha online é claramente uma forma de comunicar ideias e mostrar o trabalho feito a nível presencial que chega a inúmeras pessoas, quer vivam na aldeia, quer na cidade, quer trabalhem na Guarda, quer apenas residam na Guarda e trabalhem noutra cidade. O mais curioso foi perceber o facto de conhecendo alguém de uma das listas, até pessoas de outras cidades acabam por ter acesso à campanha que é feita na Guarda.

As redes sociais continuarão a não ser perfeitas e a sua utilização desregrada pode criar alguns problemas na sociedade. No entanto, as redes sociais fazem-nos estar a todos ligados seja qual for o lugar do mundo onde nos encontremos. Mas será esta aproximação online suficiente e equiparável à presencial ao ponto de as pessoas da Guarda se sentirem mais incluídas nas propostas dos seus futuros líderes e considerarem o seu voto essencial para definir o caminho da cidade? Utilizado de forma isolada o online não será  suficiente para chegar a todas as pessoas, mas eu acredito que uma utilização perspicaz das redes poderá ser a alavanca para uma diminuição da abstenção nestas e em futuras eleições. Temos agora de esperar para ver os resultados finais, mas a grande vitória destas eleições seria, certamente, ver uma diminuição da taxa de abstenção.