O interior precisa da alegria contagiante das crianças

Aproxima-se a época natalícia e todas as boas sensações que provoca. Os cheiros nas ruas, o amor, a música, a azáfama de quem procura um presente de última hora, os gorros, o frio seco da Guarda, o riso, os abraços, o vermelho e o verde de um Portugal – ainda – em alerta.

O reboliço natalício vê-se antecipado noutras áreas, desde o chumbo do orçamento às eleições legislativas antecipadas. Acontecimentos sucessivos na reviravolta instantânea de um mundo, cada vez mais, acelerado.

Começam os namoros, à direita e à esquerda de cada esquina.  O amor, sempre o amor!

Esperamos todos que, com este espírito natalício no ar, se consiga aumentar a natalidade. E se faz falta a alegria contagiante das crianças!

Anuncia-se a gratuitidade das creches, efetivando-se essa gratuitidade para o primeiro e segundo escalões. Pretende alargar-se a todos. A quem não pode pagar, mas também a quem pode, desde que haja vaga em acordo de cooperação entre o equipamento social e o Instituto da Segurança Social.

Ao contrário do que acontece com o pré-escolar, não há creches públicas ou na dependência direta do Estado. Infelizmente, não haverá graves problemas na gestão das vagas no Interior, que as crianças são em numero cada vez menor. Contudo, nas regiões onde há escassez de vagas poderemos, no limite, ter uma pessoa com possibilidade de pagar com direito a creche gratuita, e outra com o orçamento familiar mais limitado, ter que pagar uma vaga privada (ou não abrangida por acordo). Será esta uma medida justa? Não me parece…

Nem toda a capacidade das creches é abrangida por acordo de cooperação e, consequentemente, pela gratuitidade. A legislação em vigor não o permite. No plano hipotético, talvez fosse de uma maior justiça social, abranger todas as vagas de creche por acordo, mantendo apenas gratuitos os escalões mais baixos. Não tem sido este o entendimento. Mas seria seguramente mais justo.

É também, nestes casos, que viver no interior do país se torna um luxo! Daqueles paraísos que poucos conhecem, mas deviam, porque de certo se apaixonariam! Mas falta-nos o essencial: as pessoas. As pequeninas! As que nos fazem transbordar o coração. Porque, como disse Saramago no Ensaio sobre a Cegueira, “Sem futuro, o presente não serve para nada”…