A 8 de agosto de 1985, João Raimundo tomou posse como presidente da Comissão Instaladora do Instituto Politécnico da Guarda. Tinha 42 anos e um percurso multifacetado, entre a gestão, a docência e o sindicalismo. Foi chamado a pôr em marcha um comboio que permanecia parado.
O convite para ser o maquinista chegou diretamente do ministro da Educação, João de Deus Pinheiro, no governo Bloco Central, liderado por Mário Soares. O seu perfil de gestor e empreendedor agradava tanto a figuras do PSD (partido em que militava) como do PS, garantido o consenso político necessário.
Neste episódio, incluímos excertos da entrevista inédita a António de Almeida Costa, então secretário de Estado Adjunto do Ministro da Educação, que faleceu em 2024. Gravada em 2017, esta conversa revela a admiração de Almeida Costa pelo trabalho de João Raimundo, sublinhando que o Politécnico da Guarda foi, nos primeiros anos, uma referência nacional pela forma como combinou pragmatismo, visão e capacidade de decisão.
João Raimundo recorda também aquele período fundador e o ponto de partida não podia ser mais modesto: um apartamento de três assoalhadas, por detrás do Hotel de Turismo, onde funcionava o Politécnico. Mas foi ali que se tomaram as primeiras decisões e se definiram prioridades. No discurso de posse, João Raimundo defendeu logo a criação de uma Escola de Tecnologia para a Guarda e recusou projetos “de horizontes pequenos”
O grande desafio imediato era abrir a Escola Superior de Educação no ano seguinte, algo que muitos consideravam impossível por falta de instalações. Contra todas as previsões, as aulas arrancaram mesmo a 20 de outubro de 1986.
Quarenta anos depois, João Raimundo mantém o sentido crítico e de exigência. E diz que a lição de 1985 serve para 2025: a Guarda só ganha quanto tem ambição.


