Qual a característica que mais tem comprometido o futuro da Guarda? Um sentimento, porventura tão antigo quanto a própria humanidade, que há quase meio milénio um poeta descreveu como a antítese da epopeia que o celebrizou: a inveja. A última palavra de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, traduz uma maneira de estar que, no plano local, tem sido patente ao longo das últimas décadas.

João Bento Raimundo reclama ter lançado, em várias épocas, as bases para o futuro. Mas em todas enfrentou resistências. O início do funcionamento do Instituto Politécnico e a abertura da Escola Profissional da Guarda são momentos separados, no tempo, por 20 anos. Mas o protagonista foi o mesmo. E a cidade pouco mudou em algumas das piores características: o preconceito e a desconfiança em relação àqueles que ousam empreender.

Reflexão de quem assegura que «o meu tempo é sempre o tempo, porque eu tenho, felizmente, resistido a estas questiúnculas todas». Por isso, os projetos estão longe de terminar. Desde logo o de uma nova residência de estudantes. Mas também o daquela que poderá ser a primeira escola privada do ensino básico na Guarda.