O Centro Ibérico de Competências para a Economia Social vai mesmo ter sede na Guarda, foi hoje confirmado, em Madrid, pelas ministras do Trabalho e da Solidariedade de Espanha e Portugal. Yolanda Díaz sublinhou que a estrutura conjunta ficará baseada «en la ciudad de Ana» [na cidade da Ana], referindo-se à homóloga, Ana Mendes Godinho.
Para a ministra espanhola, o investimento na economia social «é uma garantia de progresso sustentável, ligado ao território, que elimina as desigualdades e gera riqueza e igualdade de oportunidades». Yolanda Díaz destacou «a força e resiliência do setor durante a pandemia», em Espanha como em Portugal.
Está, assim, concretizada mais uma etapa para a criação do centro, depois de, do lado português, ter sido subscrito em Janeiro o memorando de entendimento entre os parceiros fundadores: o Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social e o Centro de Estudos Ibéricos (associação transfronteiriça fundada há 20 anos pela Câmara Municipal da Guarda, pela Universidade de Coimbra e pela Universidade de Salamanca).
O centro ibérico será a primeira estrutura do futuro Centro Europeu de Competências para a Inovação Social, anunciado em Bruxelas, no início de Dezembro de de 2021, pelo comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais [recordar notícia aqui]. Na conferência de imprensa após as reuniões do Conselho dos Ministros do Emprego e Assuntos Sociais e do Comité Económico e Social Europeu, Nicolas Schmit apresentou o Plano de Ação para a Economia Social, onde se enquadra a nova estrutura, e deu conta do interesse imediatamente manifestado por Portugal e Espanha, que acabara de lhe ser transmitido pela ministra portuguesa.
Ana Mendes Godinho revelaria, depois, em entrevista ao “Futuro da Guarda” [recordar aqui], que estava a ser preparado o acordo entre os dois países para que a sede do novo centro se localizasse nesta cidade.
A oficialização da escolha da Guarda aconteceu esta quinta-feira em Madrid, durante uma cimeira entre os titulares das pastas do Trabalho e Solidariedade de Espanha, Portugal e Itália, a convite da também vice-presidente do Governo de Espanha.
De acordo com a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, o projeto está estimado em 10 milhões de euros e terá financiamento do PRR, estando neste momento a ser ultimados a forma e o modelo de gestão participada com Espanha.
Acrescentou que o objetivo é que a formalização do centro aconteça durante o corrente ano, momento em que virá à Guarda a ministra espanhola do Trabalho e da Economia Social.
O encontro entre Yolanda Días, Ana Ana Mendes Godinho e Andrea Orlando serviu também para refletir acerca de uma estratégia comum «no sentido de defender mais medidas de proteção social perante a crise que possa derivar da guerra na Ucrânia».
«Temos uma convicção: a de que a Europa social, agora que sofremos com a guerra na Ucrânia, faz mais sentido do que nunca. Os três países estão trabalhando para encontrar soluções abrangentes e que têm essa visão dentro da União Europeia», sublinhou a governante espanhola.
Por seu lado, a ministra portuguesa referiu-se à agenda de trabalho conjunto em torno da Economia Social, «que deve estar no centro da recuperação económica europeia» e à importância deste modelo, bem como à sua capacidade de «mobilização conjunta, que é do que precisamos agora».
Ana Mendes Godinho lembrou os compromissos da Cimeira do Porto, que expressam a resposta europeia comum aos desafios da crise, e aludiu ao «compromisso social em torno dos valores europeus: uma resposta coletiva e solidária em termos energéticos, de segurança alimentar e do desafio humanitário da vaga de refugiados durante esta guerra».
O ministro do Trabalho italiano, Andrea Orlando, destacou a importância da economia social também no atual contexto geopolítico: «A agenda da economia social é ainda mais atual, devido ao agravamento da crise que a guerra vai produzir, e exige respostas comuns, também no domínio orçamental».




A cimeira reuniu hoje em Madrid os ministros do Trabalho e Solidariedade de Espanha, Portugal e Itália, respetivamente Yolanda Díaz, Ana Mendes Godinho e Andrea Orlando