O Associativismo quer-se… ao serviço dos outros!

Era uma vez,

Normalmente é assim que começam as histórias, que nos contam quando somos pequenos! Pelo menos, lembro-me de os meus Pais me contarem histórias que começavam dessa maneira. Hoje, sou eu que as conto ao Afonso!

A história que hoje vos trago é sobre aqueles e aquelas, sejam causas ou pessoas, que colocam o seu tempo em prol dos outros. Falo do Associativismo. 

As associações, sejam elas juvenis, desportivas, culturais, recreativas, mais centradas na preservação da identidade cultural e local (Associações de Desenvolvimento Local) ou motores de ações desportivas, ou ainda na valorização da pessoa doente e no combate a uma determinada doença, como é o caso, da Liga Portuguesa Contra o Cancro (o meu maior reconhecimento pelo vosso trabalho). Têm todas elas a nobre missão de se colocarem ao serviço do outro, sendo nossa obrigação, enquanto sociedade civil, a sua valorização. 

Falar de associativismo é falar de causas e esforços, de pessoas que se envolvem e intervêm, com responsabilidade, na procura de objetivos comuns, na resposta às diferentes necessidades que imperam num determinado território. Diria mesmo um excelente exemplo de exercer a cidadania e desempenhar o papel de cidadão.

Este incrível movimento de cidadãos pode trazer amarrado a si um conjunto de perigos, chamo-lhe mesmo o lado negro do associativismo.

Não é justo que os membros das associações se sirvam destas para os seus próprios interesses, e aqui falo precisamente daquilo que muitas das vezes acontece, que é essas organizações servirem de “trampolim” para os chamados tachos, ou cunhas, como lhe queiram chamar. Ao mesmo tempo, não é justo que estes organismos, que são públicos, existam para servir interesses de outros (não é este o prepósito).  Por isso a importância de defender a total transparência das associações. Os seus associados devem saber para que serve e onde anda o seu dinheiro (aquele que pagam em jeito de quotas) e qual o plano de ação. Apresentação de contas deve ser uma prioridade ao fim de cada ano civil! Esta postura de transparência gera confiança.

Costuma-se dizer que o poder corrompe, e no associativismo também assistimos a isso. Tudo na vida tem a sua duração e o mesmo acontece com os cargos públicos, políticos… e deveria de existir nas próprias associações. A importância de se dar espaço para que outros continuem a missão.

Podemos ainda encontrar outro perigo: o descrédito que muitas das vezes se atribui ao associativismo. Esta postura leva a que cada vez mais pessoas se afastem deste tipo de causas. Somos muito críticos do trabalho voluntário e do tempo de que os outros abdicam.   

O grande desafio futuro destas associações passa por perceber em primeiro lugar o seu papel na esfera local e social, ou seja, de que maneira é que elas podem contribuir para valorizar os territórios e as suas gentes. Em segundo lugar, a importância da inovação, ou seja, como é que estas podem inovar para não caírem na rotina do dia-a-dia (só é possível conhecendo as necessidades). Quais as necessidades do meu território? O que fazer de diferente? Por vezes não precisamos de criar ações e projetos que sejam “megalómanos”, basta apenas perceber, em cada pessoa, qual a sua necessidade. Questionem mesmo as pessoas, elas dão as respostas. Intervir, onde existem carências sociais, deverá ser uma prioridade!

Em terceiro lugar, a envolvência de todos. Considero que este é um dos aspetos mais críticos no associativismo. É difícil agradar e envolver todos para uma causa comum. Existirão sempre os chamados “velhos do restelo”. Mas só com a força de todos, e quantos mais melhor, é que o associativismo e as associações se mantêm vivas. “A união faz a força”.

Por último, o trabalho em parceria de várias associações! É certo que nem todos têm a capacidade de trabalhar e envolver, mas nem os egos de uns, nem a sobrevalorização dos que se acham superiores devem interferir na nobre missão do associativismo. Cada associação deve ter a sua missão (era bom que assim fosse) e esta deve ser respeitada e apoiada por todos! No associativismo não há luar a o meu quintal é melhor do que o do vizinho.

Haverá muito caminho ainda para percorrer no associativismo. Mas ainda bem que há quem acredite e quem se dedique!

Termino felicitando a ACDR da Rapoula (Guarda), que este ano faz 30 anos de existência! “30 anos de história, 30 anos de memória”.

O associativismo é passado, é presente, mas também é Futuro!

Um Futuro que conta com todos!