Por um punhado de votos

A Guarda precisa de políticos que a transformam e que a dignifiquem. Pessoas com sentido de Estado e respeito pelo dinheiro público, cientes das suas responsabilidades e da real dimensão das suas decisões.

A Guarda precisa, acima de tudo, de um executivo que coloque os jovens, o emprego qualificado e o desenvolvimento tecnológico na primeira linha das prioridades políticas. Fazer política é fazer a cidade; é construir para as pessoas um território resiliente, inovador, atrativo, dinâmico e pujante.

A Guarda deve compreender e abarcar todas as pessoas. Os seus atuais habitantes, os que querem voltar e não podem, os que não querem mais voltar e ainda (e não menos importante) todos os seus potenciais habitantes, de todas as nacionalidades, raças e credos. O potencial da cidade são as pessoas. Numa atitude de atrair e fixar, um Município deve ter diversas estratégias que se juntem solidamente neste tronco comum.

É isto – apenas isto – que deve nortear, por cá, as políticas públicas. A garantia de que há gente; a garantia de que amanhã haverá sociedade civil.

Ao encarar determinada política, deveremos colocar a nós próprios três questões que acabam por ser os três patamares para a qualificar como boa, muito boa e excelente: 1) vai ajudar a manter pessoas na Guarda? 2) atrairá outras? 3) vai, ou não, ser decisiva nas próximas décadas, servindo as que virão depois?

A governação de usar e deitar fora é nefasta para as cidades. O dinheiro gasto em decisões que não tragam gente nem ajudem a fixá-la é pura e simplesmente dinheiro desperdiçado. Quando uma obra, em sentido lato, é feita, deveremos pensar nos custos da sua manutenção e na sua verdadeira utilidade e durabilidade. Qual é a razão de ser de determinada obra ou projeto? O que o motiva? O que determina a sua prioridade?

É tudo uma questão de prioridades. O tempo perdido não volta para trás.

Se é verdade que a democracia nos traz a multiplicidade de pontos de vista, é ainda mais verdadeiro que é preciso ter a capacidade de respeitar aqueles que nos elegeram, cuidando não apenas da sua satisfação momentânea, mas sim da sua efetiva qualidade de vida. Uma política vã, que se esgote num dia, numa semana, num mês, não pode ser considerada uma política. É apenas uma “decisão de adjudicar”.

Se por um lado é impossível mensurar os impactos absolutos de certas “decisões de adjudicar”, é inegável que é possível perceber que não serão prioritárias.

Infelizmente, ao fim de 825 anos, virámos a política de pernas para o ar. A prioridade na Guarda é desperdiçar o erário público em inutilidades que apenas permitem ao poder político ganhar mais um punhado de votos.